“Mas, quando vier o que é perfeito, então, o que é em parte será aniquilado”.
(1 Coríntios 13:10)
Graça e paz queridos irmãos em Cristo que visitam este abençoado blog! É com grande satisfação e alegria que venho compartilhar com vocês uma reflexão sobre um tema que muitos com certeza já buscaram, indagaram e viveram. É um assunto que eu penso desde a infância e provavelmente refletirei a vida inteira… Afinal, é um tema deveras apaixonante e não poderia deixar de ser.
Se tem um assunto que temo discorrer é sobre o Amor (apesar de muitas vezes ousar fazê-lo, embora não sem temor). Eu seria muito ousada se dissesse que possuo resposta para tais questões. Aviso de antemão que a opinião que aqui se segue é de uma mera mortal, totalmente consciente de que meu conhecimento é apenas o aprendizado que tiro das lições da vida dia após dia… Portanto, estou sujeita às críticas e às limitações. Ademais, a resposta para a questão proposta tem de ser avaliada sob a ótica do dever ser ou sob a ótica do que acontece de fato entre os seres humanos (que nem sempre correspondem a um “dever ser” pré-estabelecido). Ou seja, se pauta-se no que deveria ser ou se pauta-se no que acontece com as pessoas, sem pré-julgamentos (prefiro esta palavra à palavra pré-conceito, dada a resumida significância que tal palavra recebe nos nossos dias).
Em minha humilde opinião (e não se trata de eximir-me do assunto), nada, por mais profundo que seja, pode conter toda a significância que pode ter o Amor na vida das pessoas, bem como a manifestação do Amor. Sendo as pessoas únicas, autênticas (por mais que muitas vezes não se comportem como ou se sintam como tal) e imprevisíveis (por mais que tentemos prever atitudes e escolhas) torna-se praticamente sobre-humano definir e delimitar o âmbito do Amor em sua totalidade. Só Deus pode fazer isso.
Tudo o que foi, está sendo, ou será escrito sobre o Amor será somente pontos de vistas determinados sobre este tema tão vasto. Pois a complexidade do Amor reside não nele mesmo (o qual é na verdade simples) mas no ser humano que o emprega.
Esta sensação remonta-me a uma frase aprendi com um professor, há cinco anos atrás, quando eu estudava filosofia (perdoem-me não lembrar o nome do autor da frase a seguir):
“A parte está no todo, mas o todo não está na parte”.
O amor é o Todo do qual fazemos parte. Nós somos a pequena parte que compõe o Todo que é o Amor. Esse amor pode ser Ágape, Eros, Filos, etc. Contudo, no que concerne ao Amor entre Homem e Mulher, denominado Eros, a premissa que alguém pode partir será sempre, igualmente, um ângulo determinado (específico), mas jamais será o Todo do que o Amor pode ser e manifestar-se. E isto por quê? Porque o Amor revela-se às pessoas, deixa sua marca nelas e, como um Curinga Trapaceador, deixa que elas pensem que o conhecem e construam fórmulas específicas para reconhecê-lo. Então, como algo que não se deixa domar facilmente, o Amor declara:
“Eu sou mais do que o que você vê, pensa, sente e entende…”.
É justamente aí, caro leitor, que o Amor mostra para os mortais que ele está além do raciocínio das fórmulas e das construções sistemáticas… Mas o ser humano, como ser curioso e racional que é, sempre questionará e indagará sobre ele, por mais desafiante que ele seja…
Talvez, se não fosse o desafio, o Amor não seria tão perquirido pelas pessoas.
E o ser humano, como ser que possui alma (sentimento, emoção, sensação, etc) também não deixa de querer sentir o amor, por mais simples e ao mesmo tempo complexo que ele seja.
Então vamos logo à “gota do oceano” das considerações deste artigo sobre o tema. O que acabei de afirmar não significa que não existam parâmetros que distingam o Amor das famosas “Facetas” que geralmente fazem nosso enganoso coração confundir a essência do “Todo” com a “Parte” ou confundir a “Falsa Parte” com o “Todo”.
O que quero dizer? Existem sentimentos, situações e circunstâncias na vida de uma pessoa que podem ser definidas como apenas uma “Parte do Amor”. Outras podem ser definidas como “Falsas Partes do Amor”.
Já ouvi afirmações que defendem que nós, seres humanos, nos apaixonamos pela expectativa, pela sensação, pela experiência, pela admiração e não, necessariamente, pela pessoa em quem reside a expectativa, a sensação, a experiência e a admiração. Ou seja, nos ligamos àquilo que muitas vezes procuramos em nós mesmos, por aquilo que queríamos ter dentro de nós, pelas qualidades que consideramos dignas de nosso afeto. E, quando isto ocorre, corremos sério risco de nos apegarmos ao que a outra pessoa representa, e não verdadeiramente amar o Ser que o outro realmente é (o qual possui o que admiramos e o que repugnamos).
E, quando toda aquela sensação de apego é frustrado, o “amor” esvai-se como água que não retemos em nossas mãos… Neste caso, não existiu Amor, mas sim a “Faceta” dele. Logo, esse tal sentimento que nossa mente denomina “amor” na verdade era uma Parte do Todo, mas não o Todo em sua essência.
Porque o Amor gera experiência, admiração, sensação e expectativa, os quais consistem em “frutos” (porque foi gerado pelo Amor), porém não consistem na Raiz (a qual é o próprio Amor).
Existem também correntes que alegam que os fatores sexuais (hormônio, feromônio, instinto etc) são igualmente decisivos para a busca pelo Amor que visa à procriação. Então Homens e Mulheres uniriam-se instintivamente (fisiologicamente falando) para perpetuar a espécie. Contudo, neste aspecto físico, a seleção do parceiro torna-se insignificante, pois todos os seres humanos são totalmente capazes (exceto os estéreis) de reproduzir-se para a perpetuação da espécie. Neste caso os seres humanos enfrentam a luta entre “a possibilidade biológica da procriação instintiva” versus “a escolha cognitivo-seletiva de um parceiro (a) em potencial”.
Neste caso, a “Parte do Amor” é o instinto natural inerente à natureza humana que independe de apenas um parceiro (a) para atingir o objetivo biológico proposto. E, por qual motivo consiste a “Parte Instintiva” apenas uma “Parte do Amor”? Porque nós, seres humanos, não somos animais irracionais, não existimos sem o desígnio da vontade, somos compostos de Alma (mente) e espírito (o ímpeto que busca algo além do físico e do mental, busca o Amor Existencial), não somente de corpo. Daí, juntando todas as duas partes – instintiva e seletiva – temos partes que compõem um Todo. E elas lutam entre si.
A consciência, moralidade, crença, cultura, etc vai definir qual delas vai prevalecer.
A boa nova do Evangelho nos mostra o caminho certo traçado por Deus, o qual fez Adão para Eva e esta para aquele.
Depois da queda da Humanidade que veio o poligamismo (o qual não acontece somente com homens, mas também com mulheres – embora seja mais comum entre os homens). E isto porque a Iniquidade tirou do Homem a capacidade de preferir o Amor Existencial ao instinto natural sexual.
Entretanto, felizes são as pessoas que encontram o Amor Existencial, o qual inclui o instinto reprodutivo, a seleção de um parceiro em potencial e, mais do que isto, a essência do Todo do Amor que é justamente o sentimento baseado na decisão (não mera escolha, mais que isto) de encontrar e permanecer com alguém (uma pessoa de verdade, com defeitos e qualidades, com saúde e com doença até que a morte os separe) por encontrar nesse alguém algo além do físico e do mental, para vivenciar o que transcende a natureza nata do físico e o abstrato da mente…
Poucos são os que procuram assiduamente este Amor Existencial. Uns acreditam que ele trata-se de utopia. Mas eu acredito que, na verdade, poucos são aqueles que, quando o verdadeiro amor os une, são capazes de lutar por ele para que não se extinga como a chama que arde e que não foi devidamente perpetuada…
Geralmente quando um homem ou mulher sente amar mais de um alguém deve cogitar a possibilidade de estar confundindo a “Parte” com o “Todo” e o “Todo” com a “Parte”. Deve refletir se não está deixando o instinto biológico reprodutivo (o qual não faz muita seleção de parceiro único em potencial) prevalecer sobre o Amor Existencial (aquele que transcende todas as coisas e por isto mesmo é único e se destina a ser único de alguém para outro alguém).
Para refletir:
“Se a imperfeição/defeito de alguém é motivo para o teu amor por ela ir embora, então saiba que nunca amaste ninguém, pois se todos um dia na face da terra fossem perfeitos, tu não saberias distinguir para qual das pessoas perfeitas tu destinarias o teu amor. Ama-se o ser humano, não o que ele representa ou as qualidades que ele tem. Repugna-se os defeitos, mas jamais a essência de alguém a quem se ama.”
Creio eu que mesmo o “Amor Existencial Transcendente” pode apresentar características que soam como “comuns” às “Facetas do Amor”, porém o que o diferencia é o resultado da atitude que a pessoa tem em relação ao Amor. Ressalte-se que a definição que emprego aqui não se trata de uma espécie de Amor, é apenas o nome que dou a uma característica para a distinção, visto que o Amor não possui nome, nós é que, para a facilidade do entendimento, o denominamos para fim de conhecimento e discernimento e discussão sobre o tema. Por fim, quis dizer com tudo isto que o “Amor Existencial Transcendente” respalda-se no que é “único, eterno e permanente”. Já as “Facetas do Amor” possuem como característica “a eventualidade, a variedade (a qual pode ser mais egoísta que o amar e querer o amor de uma única pessoa) e a inconstância”.
Enfim, como, então saber se o que nos move é a necessidade de novas experiências e não necessariamente amar profundamente? Como saber se o que nos move é a vontade momentânea de vivenciar sensações e não de fato viver com e por alguém além dessa necessidade de “novas sensações”? Como saber se tudo o que sentimos por alguém nada mais é do que admiração pelo o que ele representa?
E, por fim, será que na verdade impregnamos em uma pessoa a sede por preenchimento existencial e novidade de vida? Se a resposta é sim, reflitamos na Palavra de Deus:
“Eu sou o caminho, a verdade e a vida, ninguém vai ao Pai senão por mim.” (João 14.6) “Naquele dia Jesus se pôs de pé e disse bem alto: Se alguém tem sede, venha a mim e beba. Como dizem as Escrituras Sagradas: Rios de águas vivas vão jorrar do coração de quem crê em mim.” (João 7.37 e 38)
Se a resposta às nossas perguntas não for as que verdadeiramente preenchem nosso espírito de plenitude então devemos saber que para vivenciarmos o verdadeiro amor precisamos estar primeiramente alicerçados nele:
“Porque ninguém pode por outro fundamento, além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo.”
(1 CO 3:11)
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